segunda-feira, 1 de abril de 2019

Volte a se dar tempo

Moça, tem dia que você cansa de estar sozinha e quer estar com alguém. Eu sei, que você está vendo todo mundo de mãos dadas por aí e se perguntando porque você não. E se questiona porque ainda não deu certo com ninguém, porque ainda não apareceu alguém que se encaixe ao teu jeito, ou alguém que tenha sido corajoso o suficiente para não te largar de mão. Talvez porque pra mergulhar em ti seja mesmo preciso coragem, ousadia, sintonia e, porque não, amor próprio...

Você cansa de estar em casa quando olha a vida alheia aparentemente tão divertida, mas você não quer sair sozinha e nem tem com quem. Você tem tanto medo de ser sozinha e nem sabe explicar porquê. Se é medo de se assumir solteira, uma solteira inteira, inteiramente feliz assim. Se é medo do que vão pensar caso você demore ainda mais dois, cinco ou dez anos solteira... Se é medo de num futuro ainda distante ficar completamente só, sem marido e filhos, sem teus pais e família... De que você tem medo?

E sai. Porque sabe que é forte e resolve vencer medos. Sai só e encontra pessoas do dia a dia num evento qualquer. Contatos profissionais, colegas, amigos, conhecidos de conhecidos... Sai com um cara que você trocou algumas palavras num aplicativo. Sai com um amigo da sobrinha da amiga da sua tia. Você sai. E se acostuma a sair, de um jeito estranho. Porque não vai dar certo com o primeiro, nem com o segundo... Aí você pensa em desistir, mas num mês, ou noutro, tá lá você de novo SE PERMITINDO conhecer pessoas. Se permitindo tantas coisas além de apenas conhecer pessoas...

Até que chega alguém que parece ser aquele cara, AQUELE, que vai dar certo, que foi feito pra você e que vocês já têm uma história, uma música, uma piada interna, e algo nele que te faz lembrá-lo o dia inteiro. Seja o jeito que ele mexe a boca quando está chateado, ou como franze a testa antes de sorrir de uma piada sua. É ele!

Você fala dele pra sua amiga, depois pra sua manicure, sua colega no trabalho, e pra qualquer pessoa que te vê sorrindo à toa na rua. Até que você acorda um dia e já não tem mais aquele bom dia, nem boa tarde, ou boa noite. Você envia uma imagem e ele até sorri ou comenta algo, mas já não é mais como antes. E isso te cansa. Te faz tentar se ocupar com outras coisas, ver um filme, ler um livro, e focar ainda mais no trabalho e nos estudos.

Chega aquele dia, aquele horário, que era comum aos seus encontros. Desespero! O corpo sente falta, né? E a alma chora. Porque, poxa! Ele era o cara! Ele era o que ia dar certo finalmente... Por quê não deu? "O que eu fiz de errado agora?"

"O que eu fiz de errado agora?"
"O que eu fiz de errado agora?"
"O que eu fiz de errado agora?"

Você precisa preencher esse horário com algo legal, com a presença de alguém? Não dá pra ficar sozinha, pra não chorar, pra não sofrer. Pra não pensar mais uma vez... "O que eu fiz de errado agora?" E o que você faz? Isso mesmo! Você tenta se ocupar e se encher de gente e momentos como se isso encobrisse a sua tristeza. Mas vai molhar o travesseiro ao dormir, e talvez nem dormir consiga. Porque o que você precisa, moça, não é se preencher e se ocupar demais. É se conhecer e se permitir também sofrer e chorar, e levantar a cabeça pra dar a volta por cima. Você precisa compreender que não está no seu controle e que por mais perfeita que você seja, um relacionamento não depende apenas de você. Então não encuca com isso. Não acha que é sempre culpa sua e nem tenta descobrir porque não deu certo. Só não deu e pronto. Bola pra frente!

Mas talvez seja ele sim. Talvez você só tenha que aprender a esperar o tempo dele também. Não se cobrar tanto, mas também não cobrar tanto das pessoas. Não se deixar sufocar, nem sufocar os outros. Quer que respeitem seu espaço? Respeite o espaço do outro também. E cada dia é uma coisa nova, um reconquistar de si e dos outros, do mundo ao redor.

Volte a se dar tempo e tenha calma.


Um texto de Aline Menezes, criadora do Blog O quarto de Aline

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