segunda-feira, 8 de abril de 2019

Vou hoje demonstrar interesse por mim



Quase 5 da tarde de um sábado e eu em casa. Meu Deus! Novamente não sei como começar um texto meu... Isso já tá virando rotina e me tirando a paciência, mas vamos lá. 

Como que a pessoa pode ser tão complicada – em TUDO – como eu? Se o cara demonstra atenção demais, eu tenho abuso, porque é grude demais na minha alma que tem sede de liberdade. Se o cara não gruda nem um pouquinhozinho eu já fico em desespero como se eu tivesse 15 anos de novo. Acabo perdendo os dias, os sábados, os fins de semana... Esperando a sincronia de tudo, da minha agenda com a de alguém, da minha paz com a de alguém. E hoje me senti tão só enquanto lia um romance teen, mas tentei me convencer que tudo bem, eu nem sou só, eu sou é livre e vivo acompanhada de muitos mocinhos literários.

Hoje mesmo me apaixonei pelo Arthur e pelo Bernardo, ambos desse tal livro teen. Mês passado me apaixonei pelo Michael, do livro O Leitor, e me pergunto por quantos mais mocinhos literários irei me apaixonar antes de ter meu homem de verdade. 

Eu queria nem continuar mais esse texto, porque quando pensei nele eu estava deitada já há tantas horas remoendo os meus dramas como se eu fosse uma solteirona de 70 anos que nunca deu certo em nada na vida... Assim sem vírgula mesmo, porque desde que almocei e me entreguei a leitura, fiquei desejando que um Arthur de verdade tocasse a minha campanhia, chamasse minha mãe de tia, e viesse ao meu quarto dizendo: “se veste, vim te buscar pra ir ao cinema ver aquele filme que você gosta.” 

Caraaaa! Eu nem gosto de cinema! Mas se um Arthur de verdade fizesse isso por mim... Um Arthur, Paulo, Júnior, Léo, Felipe, Diego... Eu queria tanto ter alguém que me enviasse uma música e dissesse que ouviu pensando em mim! Eu queria tanta coisa de um relacionamento amoroso recíproco, mas que são coisas que acho que só acontece quando o casal protagonista da história já se relaciona, ou se conhece, há um tempão. E é impossível acontecer isso comigo, porque eu afasto as pessoas. 

Eu afasto as pessoas que me querem bem. 

Fiz café, vou tomar banho, pintar de roxo as minhas unhas e me arrumar para dançar comigo hoje. Não vai adiantar ficar deitada lendo um romancinho enquanto olho meu celular a cada cinco minutos, esperando uma mensagem que não chega, de alguém que eu resolvi não mais correr atrás e esperar que também demonstre seu interesse. Eu vou hoje demonstrar interesse por mim! Por mim mesmo! Nem por homens reais, nem por personagens. Ler é bom, ver um filme é ótimo, mas tem dias que é preciso dançar, mesmo que seja dentro do quarto ou enquanto canto no chuveiro. 

Não adianta ficar me lamentando pelas vezes que não deu certo. Talvez um dia dê. E até lá é melhor eu não mais me culpar. Carregar esse fardo é uma escolha que não quero mais.


Um texto de Aline Menezes, criadora do Blog O quarto de Aline

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