Como é esquisito te encontrar quando eu menos queria que isso acontecesse! Passei tanto tempo esperando por isso e agora não faz mais o menor sentido. Tá tudo tão esquisito aqui dentro de mim. Ficou tudo embaralhado, fora de lugar, depois que você falou aquilo que me fez cair enquanto eu me aprontava para decolar.
Mas eu fui feita pra voar. Não aceito menos que isso e prefiro encarar o retrocesso como flecha. Só que ainda dói as suposições, as expectativas, as idealizações. Ainda faz doer meu estômago infinitamente mais do que antes de você alfinetar os meus anseios mais profundos.
Você me fez acreditar nas mentiras que eu mesma fantasiei. E agora? Não sei mais como agir. Não sei nem mesmo como REagir. Não sei se quero te ver ou se não, e nem sei o que falar quando ouço tua voz dirigir-se a mim, acompanhada do seu sorriso avassalador. Ah como eu ainda te desejo... Mas dói e eu não sei se me culpar vai amenizar essa dor, só que é isso que tenho feito porque não enxergo outra alternativa menos ruim. Te culpar não vai mudar nada. E eu quero voar. Eu fui feita pra voar...
Então eu vou e não sei se volto, mas vou continuar, lá no fundo, sendo a mesma que um dia quis o teu olhar cravado no meu com amor e desejo. Por isso não se surpreenda se eu voltar, não ache que é porque sempre estive aqui tão disponível. Mesmo que eu esteja. Sempre estarei se você quiser caminhar de mãos dadas comigo. Mas volto porque jamais vou encontrar em tantas bocas os teus beijos, em tantos corpos o teu toque. Jamais o excesso me preencherá tanto quanto a unidade de ti.
Não voltarei, não pousarei enquanto tuas mãos não me fizerem pousar. Teu sorriso soa falso e teu olhar me engana, porque não consigo fixar meus olhos em ti há muitas noites. Não espere mais que eu confie nisso, na tua face, nos teus sinais. Eu cansei de supor e de tentar te parar. Eu fui feita pra voar e não me surpreende que você também. Te deixo partir simplesmente porque: quem sou eu pra não deixar?!
E pensei em confiar em tuas mãos. Mas elas também não são muito confiáveis, convenhamos. Por duas vezes elas tentaram me erguer do chão de minha vida e por duas vezes me abateram cruelmente. Primeiro quando me tiraram o chão e quase me fizeram ver estrelas, segundo quando eu fechei a porta dos meus desejos, porque eu sabia que abrir a porta não me ergueria do meu chão. Pelo contrário, abrir a porta para ti é aceitar que você puxe o meu tapete. Você não quer voar comigo e acha que puxar o meu tapete te fará voar melhor e mais alto. Se é isso, vá mesmo sem mim.
Acho que, como li em algum lugar, a gente precisa se encontrar de novo com um olhar mais maduro e um coração mais decidido. Achei que seria dessa vez, mas não foi. No entanto, como já disse, estou sempre aqui, mesmo que eu voe alto e para tão longe. Eu nunca esqueço o caminho de casa. Sei que você também não.
Jéssica.
Um texto de Aline Menezes, criadora do Blog O Quarto de Aline
Poxa, curica, seu título não é original. É o nome do livro mais famoso do escritor Fernando Sabino e já tem quase 80 edições. Não sei se foi uma inspiração, mas recomendo mudar.
ResponderExcluirTens se inspirado mesmo nessa vibe de cartas, hein? Cadê a minha? Um abraço de queijo com goiabada.
é um título provisório ;)
ExcluirLindo texto!!
ResponderExcluirTô triste pela Jessica, seja ela quem for... ficcional ou real. Belo, triste e profundo texto.
ResponderExcluirExcelente.