segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Sobre remar sozinha

Eu fui cansando de remar sozinha o nosso barco, cansando do peso e, ao mesmo tempo, com receio de me desfazer de uma pessoa. Eu podia ter falado, ter alertado os meus sintomas, mas havia em mim tanta esperança que ele se desse conta do quão leve o barco estava para ele, que eu simplesmente fui deixando, deixando... Até soltar um pouco os remos.

Avistei uma pessoa que há tempos acenava, querendo entrar em meu barco. Alguém que me mostrava um novo barco e novos remos. E que dizia que ia remar comigo. Eu queria deixá-lo entrar no barco que eu estava ou pular de vez para seu barco. Não sabia bem o que eu queria; se me livrar do peso que me acompanha, se ter um barco novo, uma nova companhia para remar... Eu só não queria mais remar sozinha.

E nesse pouco a pouco soltar de remos aquele que era um peso sentiu o barco naufragar. Não queria sair do barco, mas não queria remá-lo. Dei-me conta que o barco não era meu e que eu nem tinha um, pois saltei na margem e não encontrei o meu. Fui de encontro àquele que há tempo me esperava e agora não sei mais se estamos no barco dele ou montando o nosso barco, mas ele rema comigo e isso me motiva. O que eu queria era ter com quem remar, mas acabei descobrindo que se eu consigo remar sozinha é porque sou forte para ir onde eu quiser. 


Um texto de Aline Menezes, criadora do Blog O quarto de Aline

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