Impressionante como quando eu
era criança e acreditava nas princesas da Disney, mas agora já adulta me parece
tão improvável a possibilidade de eu ter um casamento baseado na emoção da
espera e na entrega verdadeira.
Já vi e ouvi
tantas histórias reais de casais que passaram anos de luta física, emocional,
financeira e, sobretudo de oração, em busca da consumação primorosa do
matrimônio. No entanto não mais consigo acreditar nisso para a minha vida. Não
entra na minha cabeça a ideia de que isso acontecerá comigo algum dia, de que
eu conhecerei um homem que será um gentleman, que me tratará como a princesa
que o Senhor diz que eu sou, e que me fará ter prazer na submissão. E odeio ser
submissa.
Minha alma
sente necessidade de liberdade, mas me pergunto se estou buscando-a nos lugares
certos. Sendo que é Ele o caminho. É Ele a verdade. É Ele a vida. Por que corro
tanto para todos os lados? Eu quero abraçar o mundo com o corpo e nele sinto as
dores dessa luta insana, descabida e desnecessária. É só Jesus que eu preciso
abraçar.
Será, meu
Deus, que eu vou mesmo viver tudo isso que vejo nesses vídeos tão lindos de
casamentos? Logo eu, que tenho gritado tanto ao mundo o quanto eu sou livre, o
quanto gozo da minha liberdade, e o quanto isso tem muito a ver com não querer
casar e ter filhos! Será que eu não quero mesmo ou só estou mentindo para mim? Ou
realmente não preciso seguir o padrão da sociedade, de casar, ter dois filhos,
um cachorro ou um gato e um aquário na sala do apartamento?
Eu quero
viajar, mas tenho medo de ir sozinha. E eu não quero companhia, por causa da louca
sede de liberdade, que de certa maneira me aprisiona, me finca os pés no chão e
a alma no travesseiro. Eu quero companhia. Mas não qualquer companhia.
Eu quero ver
meu noivo chorar de tanta emoção quando eu entrar na igreja. Eu sei, Deus, que
faz mais de vinte anos que eu digo que não quero casar na igreja. Que o que eu
quero é ter dinheiro pra dar de entrada num apartamento próprio e pra viajar
pelo mundo. A minha alma é aventureira, mas o teu Espírito habita em mim. Eu,
Deus, sou pequena demais pra controlar tudo isso.
Eu quero que
meu noivo recite uma poesia no altar, ou que me cante um louvor. Eu sei, Deus,
que acho isso tão brega e cliché, e que o que eu queria mesmo é só ir ao
cartório assinar o matrimônio e depois tomar um sorvete de doce de leite. A minha
alma tem sede de coisas ousadas, porém principalmente as simples. Será que é
por que me dá preguiça sonhar alto demais? Sendo que o trabalho que me dá pra
sonhar com um sorvete que posso comprar num dia qualquer é o mesmo trabalho que
me dá pra sonhar com um banquete, uma mesa com os docinhos mais finos que eu
nem faço ideia que existam.
Uma amiga me disse
que eu sou uma pérola, como ela, a quem o Senhor já lapidou e presenteou com o
milagre o qual ela tanto almejava. Eu não me sinto uma pérola e eu nem sei mesmo o que é que eu almejo. Porém isso me traz a memória esta primorosa frase
do Lewis Carroll; “se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve.”
É um texto
meio sem ponto final. Vou passar muitos dias para absorver todos os pensamentos
e sentimentos que estão me vindo agora. É meio repugnante pensar que eu sou princesa, mas se Deus está dizendo, quem sou eu para contradizer? Dá para ser princesa do cabelo colorido e com tatuagens? Dá para ser princesa pelo avesso?
Um texto de Aline Menezes, criadora do Blog O quarto de Aline
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