terça-feira, 12 de junho de 2018

Ilesa

foto meramente ilustrativa.
Há vinte e nove anos passo pelo dia dos namorados, mas nem sempre passei ilesa. Sempre estive solteira nesse dia e faz bem pouco tempo que aprendi a vivê-lo da melhor forma possível: amando-me e me conhecendo. Não vem ao caso agora tratar das dores e sofrimentos, mas dos frutos bons que comecei a colher, já citados anteriormente. E quero compartilhar o quão gratificante é tudo isso.

O dia dos namorados vem chegando e eu começo a refletir nessa data e a me dedicar a conhecer-me com relação a esse aspecto da vida; sentimental, sexual e até mesmo do ponto de vista espiritual. Aprendi e continuo aprendendo as coisas que mais gosto e que mais desgosto no outro e assim consegui alcançar um estado de contentamento que me dá o direito e a paciência de escolher somente as companhias que realmente me convém. Quanto mais conheço em mim o que gosto ou não no outro, menos tempo perco com quem não se encaixa no quebra-cabeça de um relacionamento. E conhecer essas preferências não se restringe ao fato de afirmar a mim mesma que não curto e não espero namorar um homem que já tenha filhos, por exemplo. Conhecer-me vai além. É preciso compreender o porquê de decidir por essa preferência e resgatar em meu passado as alegrias e traumas que influenciam minhas decisões atuais. 

Relacionamento não é só toque, paixão, e nem só razão. É um conjunto de fatores que deve ser enraizado em nós de tal maneira que isso se torne um padrão natural ao relacionar-se com as outras pessoas. Não é pra ser mecânico como escolher alguém em um aplicativo. 

A humanidade vive em constante mudança, externa e interna, e é extremamente natural que a pessoa que você foi dez anos atrás não seja exatamente igual à pessoa que você será dez anos à frente. No entanto, não se perde a essência e é preciso saber disso antes de entrar com tudo nesse barco e correr o risco de naufragar. As pessoas sempre dão sinais de quem elas realmente são e certamente você não quer ter surpresas ruins no futuro, então se faz necessário aceitar a necessidade racional das escolhas. 

Outra questão que quero explanar é quanto às decisões práticas da vida a dois. Se desde já você não pretende ter filhos, não é simplesmente assim. É saber que o outro tem suas próprias preferências e que com o tempo elas podem mudar. Mas, retomando o que já disse antes, é preciso questionar-se o porquê dessa decisão e se você está aberto a mudar de opinião a depender do seu parceiro e das circunstancias que podem vir a viver no futuro distante. Será que podem entrar em acordo? Pense nisso antes que seja tarde demais. 

Se eu fosse citar tudo o que já aprendi até agora, esse texto não ficaria apenas grande, mas também chato e cansativo. Seria falar demais de mim, mas meu propósito é deixar aberta ao leitor a possibilidade de refletir sobre si e a relação que esse texto tem com sua vida. E eu poderia começar a levantar várias questões, mas isso aqui não é um livro de autoajuda, então sugiro que você mesmo crie suas próprias questões. 

Convém esclarecer que, apesar de parecer que me direciono com exclusividade aos solteiros, ninguém está isento do autoconhecimento. Sinta-se no direito de, ao concluir essa leitura, refletir sobre seu posicionamento com relação a seu namoro, casamento ou o que quer que seja.

Um texto de Aline Menezes, criadora do Blog O Quarto de Aline

2 comentários:

  1. A possibilidade de gerar filhos em um relacionamento é realmente uma questão a ser considerada. Se você algum dia se abre a essa possibilidade, você está cedendo uma grande parte de seu interior.

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  2. Excelente texto! Bem reflexivo e ajuda a pensarmos sobre o que deve ser uma relação entre duas pessoas, não importando o gênero.

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