É sábado à noite, Janeiro, e eu tenho 28 anos. Poderia estar com marido e filhos dormindo na minha casa, ou poderia estar solteira mesmo, mas viajando e gastando uma grana em Tamandaré, Porto de Galinhas, Itamaracá ou fazendo outra viagem. É o tipo de coisa que pessoas da minha idade costumam estar fazendo. Mas sou uma solteira que ainda mora com os pais e isso não é nenhum defeito, mas há tanta gente se deprimindo com esse tipo de situação... E estou em casa. Bem. Feliz.
A insônia chega e é normal, já que dormi bastante durante o dia, e eu estava em meu quarto estudando, lendo e revisando. Só que é férias e eu queria mesmo é estar curtindo. Ouço uma música boa, abro a janela. É quase meia noite e acordes de violão invadem meu quarto. Eu vejo a música entrando, eu sinto. Olho pra fora e as árvores estão dançando. Eu só sei sorrir. Uma alegria estranha me domina e logo após, uma breve tristeza chega também. Ah como eu queria estar agora numa casa que tivesse essa animação, com essa música tocando e uns petiscos em um pratinho, uma coca gelada, espetinho.
Só que ficar invejando a alegria da vizinhança não me faz ficar melhor. Se a música está boa e me invade a alma, não há porque resistir esse momento. Esse toque, esse tom. Vou à varanda, a música me chama e me leva. A música me pega... E eu me sinto levitar nas notas das melodias. A água da piscina brilha, a lua está tão bela. Porque ficar no quarto se posso admirar essa tela? A tela real, infinitamente melhor que as virtuais.
Armo a rede. Pego meu lençol e almofadas. Estou agora deitada, admirando a beleza desse céu cinzento e nublado. Está frio e a música me aquece... Nada mais descreve esse momento. Nada melhor que isso eu poderia viver agora. Eu poderia estar em qualquer lugar, mas estou bem aqui, onde acho mesmo que eu deveria estar.
Uma poesia de Aline Menezes, criadora do Blog O Quarto de Aline
15/01/2017
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